sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Movimento das Artes e Ofícios e o Art Nouveau


                 Em 1835 foram criadas escolas oficiais de desenho com o objetivo de aprimorar o design das manufaturas e tornar a arte compatível com a industrialização.  Alguns críticos temiam que o processo de industrialização vulgarizasse ou mesmo destruísse o conteúdo artístico dos objetos industrializados. Tais ideias acabaram por constituir o Movimento das Artes e Ofícios, que exerceu uma grande influência no moderno desenho industrial, estabelecendo a prática de os artistas desenharem objetos para a produção em série pela indústria.
              No final do séc. XIX, surgiu o Art Nouveau, que foi a soma de diversas tendências, reunindo Artes e Ofícios, arte oriental e decorativas e iluminuras medievais.  Envolveu principalmente os objetos ornamentais e a arquitetura. Nas  “artes aplicadas” (objetos de uso cotidiano) foram usadas as linhas sinuosas que recriavam as formas vegetais. A principal conquistado Art Nouveau  foi promover uma verdadeira unidade das artes. Móveis, objetos e o próprio edifício, passaram a ser criados a partir de uma mesma tendência decorativa.
                Principais artistas: Walter Crane, K. Greenaway, C.R. Mackintosh, R. Lalique e L.C. Tiffany.

                 
                                  Atividade de Arte

1.       Qual era o objetivo das escolas oficiais de desenho?
2.       Em que influenciou o Movimento  das Artes e Ofícios e que prática estabeleceu?
3.       Quando surgiu o Art Nouveau?
4.       Qual foi a principal conquista do Art Nouveau?
5.       Desenhe um objeto no estilo Art Nouveau..


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Impressionismo

Impressionismo

            O impressionismo foi um movimento artístico (artes plásticas e música) que surgiu na França no final do século XIX. Este movimento é considerado o marco inicial da arte moderna. O nome “impressionismo” deriva de uma obra de Monet chamada Impressão, nascer do Sol (1872).
           
Impressionismo Arte

            É uma arte urbana porque descobre a qualidade paisagista da cidade, ao mesmo tempo, regressa à pintura dos campos.

O que os Impressionistas rejeitavam

             Os Impressionistas rejeitavam a composição equilibrada, figuras idealizadas e o claro-escuro do Renascimento. Procuravam  registrar em suas telas as alterações que a luz solar provocava nas cores da natureza e representar sensações imediatas por meio da cor e da luz.

Principal objetivo dos Impressionistas

            O principal objetivo dos impressionistas era apresentar uma impressão registrada pelos artistas num vislumbre breve, ou seja, o uso que eles faziam da luz e da cor em suas obras faziam com que as mesmas parecessem uma fotografia instantânea da natureza.
            Diante desse movimento, o público e a crítica ainda eram fiéis aos princípios acadêmicos da pintura (pinturas renascentistas) e reagiram muito mal ao Impressionismo. O primeiro contato que o público teve com a arte impressionista foi numa exposição realizada em Paris, em abril de 1874.

Surgimento do Movimento Impressionista

           O Impressionismo foi idealizado em reuniões feitas com seus principais pintores no estúdio fotográfico de Nadar, em Paris.

Artistas Impressionistas e suas características

  Édouard Manet (1832-1883)

-        considerado o pai da arte moderna;
-        influenciou um grupo de jovens pintores que mais tarde vieram a ser reconhecidos como impressionistas;
-        abandonou o método acadêmico e por isso considerado o pai da arte moderna.
-        OBRAS: "Almoço na Relva", "Na Praia" entre outras.

  Claude Monet (1840-1926)

-        pintou vários motivos em diversas horas do dia;
-        utilizava tons solares e cores primárias puras;
-        foi artistas comercial e caricaturista.
-        OBRAS: "Mulher com sombrinha virada para a esquerda", "Jardim em Flores" entre outras.

  Pierre-Auguste Renoir (1841-1919

-        gostava de pintar crianças, flores, cafésoçaite, nus femininos;
-        suas pinceladas eram rápidas quando iniciante e mais tarde seu estilo tornou-se a ser clássico;
-        suas pinturas eram alegres e bonitas;
-        gostava do vermelho e detestava o preto, usando o azul em seu lugar.
-        OBRAS: "Le Moulin de la Galete", "O Balanço", "Moças no Piano" entre outras.

  Edgar Degas (1834-1917)

-        para Degas a arte não era um esporte e por isso não gostava de pintar ao ar livre;
-        preferia retratar figuras humanas como, lavadeiras, bailarinas e corridas de cavalo;
-        usava tom pastel-suave para obter vibração;
-        suas composições eram desequilibradas com figuras amontoadas na beira da tela.
-        OBRAS: "A Aula de Dança", "Cavalo de corridas diante das tribunas" entre outras.

Você entendeu o texto?
                Responda:

1.       Por que o Impressionismo é considerado o movimento que marcou uma revolução artística?

2.      A arte impressionista é uma arte urbana ou uma arte campestre? Explique sua resposta.

3.       O que era rejeitado pelos impressionistas numa pintura?

4.      O que os artistas impressionistas procuravam de diferente para criar obras diferenciadas e originais?

5.      Explique o principal objetivo dos impressionistas.

6.      Como foi a reação do público, num primeiro, ao conhecer as obras impressionistas?

7.      Como surgiu o Movimento Impressionista?

8.       Cite uma característica para cada um dos principais artistas impressionistas relacionados abaixo:

                         a)      Édouard Manet
                         b)      Claude Monet
                         c)      Pierre-Auguste Renoir
                         d)     Edgar Degas





segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

INDAGAÇÀO

C.E. Urbano  Rocha
Professora: Mary Alvarenga
Disciplina: Filosofia

Indagação

Leia o texto e interprete a fim de responder as questões de forma completa

        “Perguntar e buscar é precisamente a raiz de toda a atividade  do homem: o compreender, decidir e fazer humanos supõem a função ontologicamente  prévia, do perguntar, isto é, têm a estrutura de resposta a uma questão (teórica ou prática). O homem torna tudo questionável: o seu perguntar não pode terminar nem se esgotar. Esta constatação experiencial mostra que o perguntar ilimitado constitui a dimensão ontológica fundamental do homem.
      Neste horizonte, sem confins, do perguntar humano há uma questão que se revela como a mais vital e próxima da existência, e como implicitamente presente em todas as outras questões: a pergunta do homem sobre si mesmo, sobre o sentido da sua vida.        Em todo o ato de perguntar, pensar, decidir e fazer, o homem vive a experiência de existir e tem a certeza vivencial de ser ele próprio, que implica a questão — ‘quem sou eu?’. Nesta experiência originária, imanente a todo o ato humano, o homem sente-se confrontado com a pergunta acerca de si mesmo: vive a sua existência como recebida e originada, como imposta e não escolhida por ele e, por isso, como implicativa da questão sobre sua origem: de onde venho? Simultaneamente (em todo o ato humano) o homem experimenta-se como ‘projeto’, como liberdade orientada para o futuro desconhecido (ainda não acontecido), e esta experiência implica a pergunta— para onde vou? A questão da origem e a do futuro formam o signo interrogante, que abarca a totalidade da vida.

ALFARO, Juan. In AMADO, J. e outros, O prazer de pensar, Lisboa: Setenta, s/d, p. 64-65.


Você  entendeu o texto?

 Responda:


1.     Qual a importância do perguntar para a constituição do ser humano?

2.   Por que é importante para o ser humano se perguntar sobre o sentido de sua vida?

3.      Quais as implicações da pergunta “para onde vou”?

4.     O que o Homem experimenta como projeto de vida?

5.      De acordo com o dicionário o que significa "INDAGAR"?

6.     De acordo com o texto, faça um acróstico com a palavra "INDAGAR".


7.     Faça uma frase para um colega indagando algo sobre a vida, que você percebe que ele tenha melhor conhecimento.


"De nada valem as ideias sem homens que possam pô-las em prática."
Karl Marx


                                                                                                                                     

domingo, 4 de janeiro de 2015

Moral e Ética

C.E. Urbano Rocha
Disciplina: Filosofia
Professora: Mary Alvarenga


Ética e Moral

        Ética e moral são dois termos que se complementam, mas cujos significados são bem diferentes. Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Ética, é  definida  como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.  A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. 
        Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética.
 Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado.
         Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos.
          No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem,  determinando o seu caráter, desprendimento e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade. 
         Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.

O que é ser ético?

            Ser Ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranquilo com a consciência pessoal. "É cumprir com os valores da sociedade em que vive, ou seja, onde mora, trabalha, estuda, etc."
            Ética é tudo que envolve integridade, é ser honesto em qualquer situação, é ter coragem para assumir seus erros e decisões, ser tolerante e flexível, é ser humilde.
            Todo ser ético reflete sobre suas ações, pensa se fez o bem ou o mal para o seu próximo. Ser ético é ter a consciência "limpa".

                                                         Valores morais

   Os valores morais são juízos sobre as ações humanas que se baseiam em definições do que é bom/mau ou do que é o bem/o mal. Eles são imprescindíveis para que possamos guiar nossa compreensão do mundo e de nós mesmos e servem de parâmetros pelos quais fazemos escolhas e orientamos nossas ações.
    Eles estão presentes nos nossos pensamentos, nas coisas que dizemos e escrevemos e, claro, nas nossas ações. Apesar dessa presença em toda a nossa vida, as ocasiões mais propícias para investigarmos sua importância para a compreensão e direcionamento das ações são aquelas em que somos chamados a fazer escolhas importantes. Nesses momentos, sabemos que não podemos agir em função da primeira coisa que passar pela cabeça; precisamos pensar bem, avaliar o que realmente queremos, quais as consequências se fizermos isso ou aquilo, o que perdemos e o que ganhamos.


Você entendeu o texto?
Responda: 

 1 – Defina o que é ética?
 2 - O que é ser ético?
 3 - Por que é tão difícil ser ético?
 4 – O que são valores morais?
 5 – Quais os valores cultivados em nossa sociedade?
 6 – Quais são os seus valores morais?
 7 – Por que a ética é essencial para que haja equilíbrio em uma sociedade?
 8 – Qual a diferença entre ética e moral?

REFERÊNCIA:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ATITUDES FILOSÓFICAS

        Todos os homens são filósofos. Mesmo quando não têm consciência de terem problemas filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as
teorias que aceitam como evidentes: receberam-nas do seu meio intelectual ou por via da tradição.
        Dado que só tomamos consciência de algumas dessas teorias, elas constituem preconceitos no sentido de que são defendidas sem qualquer verificação crítica, ainda que sejam de extrema importância para a ação prática e para a vida do homem.
       Uma justificação para a existência da filosofia é a necessidade de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
        Tais teorias constituem o ponto de partida de toda a ciência e de toda a filosofia. São pontos de partida precários. Toda a filosofia deve partir das opiniões incertas e muitas vezes perniciosas do senso comum acrítico. O objetivo é um senso comum esclarecido e critico, a prossecução de uma perspectiva mais próxima da verdade e uma influência menos funesta na vida do homem.

K. POPPER, Em Busca & um Mundo Melhor, trad. port.,Lisboa, Ed. Fragmentos, 1989, - 165

        A atitude filosófica não é uma atitude natural. Qualquer indivíduo de forma imediata face à realidade não começa a examiná-la de forma especulativa. Pelo contrário, o que é natural é que se centre na resolução problemas práticos, que se guie pelo senso comum tendo em vista resolver certas necessidades imediatas. Ninguém pode viver sem se adaptar constantemente às condições do
seu mundo. Estas exigências de sobrevivência tendem, naturalmente a sobrepor-se a todas as outras preocupações.
        O homem está permanentemente se confrontado com novos problemas que o colocam perante novas situações imprevisíveis, e que o obrigam a alargar os seus horizontes de compreensão da realidade. Cada mudança pode representar, assim, uma nova possibilidade para ampliar o conhecimento.
        Estas mudanças frequentemente inquietam-nos ou maravilham-nos, despertando a nossa curiosidade sobre o porquê das coisas, levando-nos a questionar o que nos rodeia. Ao fazê-lo, estamos a distanciarmo-nos da realidade, que de repente se tornou estranha. Esta atitude reflexiva, pode nos conduzir a uma atitude mais radical, a atitude filosófica.

Vejamos apenas três aspectos que caracterizam a atitude filosófica:

ü  O espanto. Aristóteles afirmava que a filosofia tinha a sua origem no espanto, na estranheza e perplexidade que os homens sentem diante dos enigmas do universo e da vida. É o espanto que os leva a formularem perguntas e os conduz à procura das respectivas soluções.

ü  A dúvida. Ao filósofo exige-se que duvide de tudo aquilo que é assumido como uma verdade única. Ao duvidar, ele se distancia das coisas, quebrando desta forma a sua relação de familiaridade com as coisas. O que era natural torna-se problemático. O que então emerge é uma dimensão inquietante de insatisfação e problematização. A reflexão começa exatamente a partir do exame daquilo que se pensa ser verdadeiro. Se nunca duvidarmos de nada, nunca saberemos o fundamento daquilo em que acreditamos.

ü  A insatisfação. A filosofia revela-se uma desilusão para quem quiser encontrar nela respostas para as suas inquietações. O que o aprendiz de filósofo encontra na filosofia são perguntas e problemas para que não confie em nenhuma autoridade exterior à sua razão, para que duvide das aparências e do senso comum. A única "receita" que os filósofos lhe dão é que faça da procura do saber um modo de vida. Não se satisfaça com nenhuma conclusão, queira saber sempre mais e mais.

Entendimento do texto

1.      Por que, segundo o texto, todos os homens são filósofos?

2.      O desejo do filósofo, ou o aprendiz de filósofo, é superar o senso comum. segundo o texto, o que seria o senso comum?

3.      Qual seria a justificativa para a existência da filosofia?

4.      O que seria a atitude filosófica?

5.      Em relação ao texto, aponte quatro aspectos que caracterizam a atitude filosófica.

6.      Segundo o texto, o homem está frequentemente se confrontado com novos problemas que o colocam frente novas situações. Ou seja, o homem está sempre passando por mudanças. A partir disso, o que estas mudanças podem representar para o homem?

7.      A partir da compreensão do texto, cite alguns exemplos de mudanças que estão ocorrendo na atual sociedade.

8.      Caracterize em forma de tópicos as seguintes atitudes filosóficas:

a)      espanto

b)       dúvida

c)      insatisfação


Senso comum é um tipo de conhecimento não científico, ou seja, adquirido pelo
homem apenas pelas experiências, vivências e observação do mundo.
É uma forma de conhecimento vulgar ou popular.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Platão e Aristóteles



·         Platão

          Após a morte de Sócrates, seus seguidores se dispersaram, pois não podiam mais confiar na democracia ateniense como antes. Platão foi o seu discípulo mais famoso e com ele a filosofia passou a se preocupar ainda mais com o homem. Platão (427–347 a.C.) era cidadão de Atenas, filho
de uma das mais tradicionais famílias dessa cidade-Estado. É devido aos seus escritos, como A apologia de Sócrates, O banquete e A república, entre outros, que sabemos do pensamento de Sócrates. Após a morte de seu mestre e por estar desencantado com a política de Atenas, Platão
empreendeu uma série de viagens. Conhecer outras cidades e outros governos fez aumentar ainda mais o conhecimento desse jovem filósofo, que contava com 29 anos quando Sócrates foi condenado à morte. Retornando posteriormente a Atenas, fundou nos arredores da pólis uma escola
chamada Academia, onde escreveu e ensinou até a sua morte. Foi na Academia que Platão recebeu o mais importante dos seus discípulos, Aristóteles de Estagira.
          Entre as obras de Platão, além das que já foram citadas, podemos destacar Eutífron, Críton, Fédon, Teeteto e Timeu, entre muitas outras. Praticamente todos os escritos de Platão foram feitos em forma de diálogo, à maneira de seu mestre. Sócrates, inclusive, é o personagem principal de muitos desses diálogos.

·        Teoria das ideias

          Segundo as teorias idealistas do conhecimento, o sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) é que predomina em relação ao objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos. Isto é, a percepção da realidade é construída pelas nossas ideias, pela nossa consciência. Assim, os objetos seriam “construídos” de acordo com a capacidade de percepção dos sujeitos.
          A tradição teórica dos idealistas começa com Platão, cuja principal contribuição é a sua teoria das ideias, com a qual procura explicar  como se desenvolve o conhecimento humano. Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve por meio da passagem progressiva do mundo sensível (ou das sombras e aparências) para o mundo das ideias.
         A primeira etapa do processo de conhecimento é dominada pelas impressões ou sensações advindas dos sentidos. Essas impressões sensíveis são responsáveis pela opinião que temos da realidade. A opinião representa um saber de aparências que se adquire sem qualquer método racional. O conhecimento, entretanto, para ser autêntico, deve ultrapassar a esfera das impressões sensoriais, o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da sabedoria, o mundo das ideias.

Processo de evolução do conhecimento segundo Platão

Mundo sensível
Mundo das ideias

Saber de aparências
Opiniões
Sentidos
(Exemplo: Percepção da beleza nas coisas)

Conhecimento filosófico ou científico
Razão
Conceitos
(Exemplo: Beleza em si - conceito)

·        O Mito da Caverna:
        Platão criou uma alegoria, conhecida como mito da caverna, que serve para explicar a evolução do processo do conhecimento. Segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõem a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão do que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade. Se escapasse da caverna e alcançasse o mundo luminoso da realidade, ficaria livre da ilusão, encontraria o verdadeiro conhecimento do real.
        Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. As suas pernas e os seus pescoços estão acorrentados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo a que se possa, na semi-obscuridade, ver o que se passa no interior.
        A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguido um muro, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo desse muro/palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
        Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros veem na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como nunca viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que veem porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
         Que aconteceria, pergunta Platão, se alguém libertasse um dos prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, o muro, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, por ele seguiria.
          Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira no mundo verdadeiro é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, veria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está a contemplar a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
        Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros tentariam ridicularizá-lo, não acreditariam nas suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com os seus gracejos, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
         O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O
mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A interrogação. O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que é que os prisioneiros ridicularizam, espancam e matam o filósofo (Platão está a referir-se à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.


·        Aristóteles

         Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, atual Macedônia, e foi o mais ilustre discípulo de Platão. Seu pai, Nicômaco, foi médico do rei Filipe da Macedônia que, por sua vez, era o pai de Alexandre, o Grande (realizador de um dos maiores impérios da história da humanidade), de quem Aristóteles foi professor. Em 340 a.C., alguns anos após a morte de seu mestre, Aristóteles fundou em Atenas a sua própria escola, chamada Liceu. Em 323 a.C., ano da morte de Alexandre Magno, Aristóteles foi levado ao tribunal por motivos religiosos. Foi condenado, mas, ao contrário de Sócrates, aceitou o banimento e morreu no ano seguinte.
         Esse pensador, que era extremamente sistemático e metódico, filosofou basicamente sobre todos os assuntos já pensados por seus antecessores (os pré-socráticos, Sócrates e Platão). Estudou sobre a natureza do homem, pesquisou as formas de governo e as razões da política e pensou até sobre a poesia, que, segundo ele, é o gênero literário mais próximo da filosofia, além de estabelecer as primeiras regras para o estudo da lógica. Contudo, nesse primeiro momento vamos nos concentrar na sua teoria do conhecimento.

·        A importância dos sentidos para o conhecimento

         O ponto de partida para conhecermos a filosofia de Aristóteles vem de sua discordância em relação à teoria do conhecimento proposta por Platão, que afirmava ser necessário ao filósofo ater-se ao estudo do mundo das ideias (mundo inteligível). Para Aristóteles, a “alma” não está separada do “corpo”, mas é um componente dele. Colocando de outra forma: o conhecimento é percebido pelos sentidos e, então, elaborado pela razão. Existe uma interação entre os sentidos e a razão. Segundo Jostein Gaarder, Aristóteles achava que Platão tinha virado tudo de cabeça para baixo. Ele concordava com seu mestre em que o exemplar isolado do cavalo “flui”, passa, e que nenhum cavalo vive para sempre. Ele também concordava que, em si, a forma do cavalo era eterna e imutável. Mas a “ideia” cavalo não passava para ele de um conceito criado pelos homens e para os homens, depois de eles terem visto um certo número de cavalos. A “ideia” ou a “forma” cavalo não existia, portanto, antes da experiência vivida. Para Aristóteles, a “forma” cavalo consiste nas características do cavalo, ou seja, naquilo que chamaríamos de espécie.
         Para Platão, o grau máximo de realidade está em pensarmos com a razão. Para Aristóteles, ao contrário, era evidente que o grau máximo de realidade está em percebermos ou sentirmos com os sentidos. Platão considera tudo o que vemos ao nosso redor na natureza meros reflexos de algo que existe no mundo das ideias e, por conseguinte, também na alma humana. Aristóteles achava exatamente o contrário: o que existe na alma humana nada mais é do que reflexos dos objetos da natureza. Para Aristóteles, Platão foi prisioneiro de uma visão mítica do mundo, que confundia as ideias dos homens com a realidade do mundo.

O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 122-123.

          Assim sendo, o filósofo deve buscar o conhecimento daquilo que realmente existe partindo de conceitos que exprimem nossas ideias sobre o mundo sensível. E, para não cair no mesmo jogo de palavras que os sofistas faziam, faz-se necessário realizar uma classificação das  palavras, pois elas formam as afirmações que conduzem ao conhecimento.
         As palavras são classificadas por categorias e estas são cerca de 10: substância, quantidade, qualidade, ação, paixão, relação, lugar, tempo, posição e estado.
          A substância é “aquilo que é em si mesmo”, ou, em termos gramaticais, é o sujeito de uma oração, enquanto as outras categorias seriam os predicados da mesma. As categorias são divididas em dois grupos: as essenciais (são inerentes à substância, pois, sem elas, a substância deixa de ser o que é) e as acidentais (qualificam uma substância temporariamente, mas sem modificá-la).  Exemplo: “Pedro é racional, mas está gordo”. Esta afirmação contém uma substância (Pedro), uma essência (racional), pois todo homem é racional, e um acidente (gordo), que não afeta a sua substância. Segundo Aristóteles, o mais importante é a essência do ser, pois ela diz aquilo que o ser realmente é, em qualquer circunstância.
         Contudo, Aristóteles observou que a questão da transformação era muito importante e elaborou as noções de ato e potência. O ato seria o estado atual do ser, enquanto a potência seria aquilo em que o ser se transforma (“devir”), sem que deixe de ser o mesmo. Assim, uma criança é um ato enquanto criança, mas enquanto potência será um adulto, sem deixar de ser um humano.
        As transformações e o movimento são os responsáveis pelo modo no qual as potências se tornam atos. E para Aristóteles isso não ocorre por acaso, pois sempre há uma causa. Consequentemente, existem quatro causas: material, formal, motriz (ou eficiente) e final. Assim, tomemos como exemplo uma estátua: o mármore seria a causa material; um modelo para o artista realizar o seu trabalho de esculpir a estátua seria a causa formal; o escultor, a causa motriz (ou eficiente); e, por fim, exibir a estátua seria a causa final. Lembramos que esta causa é a mais importante para que a potência se transforme em ato.
          Feito o estabelecimento dos conceitos e de como ocorrem suas mudanças, o passo seguinte é como utilizar os conceitos de forma a produzir o verdadeiro conhecimento. Assim, os conceitos devem se relacionar gerando proposições (afirmações) que, por sua vez, geram os silogismos (em  grego, “cálculo” ou “reunião de raciocínio”), ou seja, o verdadeiro conhecimento. Voltaremos aos silogismos quando falarmos sobre a lógica.
         A obra na qual Aristóteles tratou de classificar os conceitos abstratos como “pensamento”, “piedade” e “bem”, entre outros, ficou conhecida como Metafísica, ou seja, “aquilo que vem depois da física”. Lembre-se de que a grande questão para ele era conseguir apreender o “Ser enquanto Ser”, isto é, apreender o Ser em sua substância, e não lhe dar um sentido meramente transcendental. Uma última questão: Platão e Aristóteles, cada qual à sua maneira, desenvolveram a ideia de que existe uma essência humana universal e, portanto, todas as pessoas tendem a fazer aquilo que é inerente ao ser humano; quando, por alguma razão, isso não acontece, a explicação possível é que ocorreu um acidente que, aliás, deve ser consertado. Segundo afirmam Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, Para Platão (...), a verdadeira realidade encontra-se no mundo das ideias, lugar da essência imutável de todas as coisas. Todos os seres são apenas cópias de tais arquétipos e se aperfeiçoam à medida que se aproximam desse modelo ideal. Assim, mesmo existindo inúmeros tipos de pessoas, a ideia de humanidade é uma e imutável. Para Aristóteles (...), todo ser tende a tornar atual a forma que tem em potência. Por exemplo: a semente, quando enterrada, transforma-se no carvalho que era apenas em potência. Quando essa ideia é transposta para os seres humanos, conclui-se que também eles têm formas em potência a serem atualizadas, ou seja, a sua natureza essencial se realiza aos poucos, em direção ao pleno desenvolvimento daquilo que eles devem ser. Tanto para Platão como para Aristóteles, a plenitude humana coincide com o aperfeiçoamento da razão.

Entendimento do texto

1.      Explique a importância de Sócrates para o pensamento platônico.
2.      Explique a teoria das ideias de Platão.
3.      Diferencie mundo sensível e mundo das ideias, segundo a concepção platônica.
4.      Diferencie os pensamentos de Platão e Aristóteles.
5.      Segundo o pensamento aristotélico, explique os termos ‘substância’, ‘essência’ e ‘acidente’.
6.      Conceitue ato e potência.
7.      Explique a teoria das causas de Aristóteles.